Nos anos 70, entre uma lambada e outra, Edmilson Tomé da Costa foi um dos pioneiros na introdução do ritmo na cena musical de São Luís, hoje a Jamaica brasileira.
Várias lendas sobre os DJs de reggae correm pelas bocas da cidade de São Luís, no Maranhão. Um dia me contaram sobre pessoas que trocavam carros por discos. Em outra, ouvi dizer também que rolou um tiroteio por conta de um mp3, e ouvi várias vezes a história de um DJ conhecido apenas como Serralheiro que, nos anos 70, embarcava em viagens às cegas para Kingston ou para Londres em busca da música que seria a pedra das pedras e que, quando encontrava tais discos, ele riscava os vinis que ficavam na loja para manter a exclusividade.
Edmilson Tomé da Costa, o Serralheiro, é um dos grandes responsáveis pela a introdução e estabelecimento do ritmo caribenho no Maranhão quando, nos anos 70, meio que a força, ele e alguns poucos DJs começaram a tocar música Jamaicana em meio a uma lambada e outra. Hoje, ele é considerado um dos DJs mais zica da maior cena musical do Estado.
Uma lenda viva e uma figura única, fala pouco. Sempre ressabiado com jornalistas e desconfiado a todo tempo, mesmo assim ele topou uma conversa com o NOISEY durante as gravações do vídeo "Por Dentro da Jamaica Brasileira, em 360º".
Apesar da saúde debilitada e da idade avançada, a memória e a língua afiada continuam muito bem. Saque aqui, na íntegra, o papo que batemos com um dos maiores DJs do Brasil:
NOISEY: Serralheiro, por que São Luís se identificou tanto com reggae?
Serralheiro: Quem começou o reggae aqui foi: Serralheiro, Natty Nayfson e Ribamar Macedo. Eu tentava tocar reggae nas festas e ficava todo mundo "Tira essa porcaria daí, rapaz". O pessoal botava uma lambada, um merengue e ficava assim. De vez em quando tocava um reggae, eu fui incentivando, Natty Nayfson e Ribamar Macedo foram incentivando também. Deu muito trabalho, mas quando pegou, compadre… Não acaba mais. Reggae aqui é uma doença.